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segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Como estão as nossas estradas? Muito mal, obrigado!

Investimento será usado na revitalização das estradas
A Confederação Nacional do Transporte (CNT) começou a pesquisar a qualidade das rodovias brasileiras há 17 anos. No primeiro ano, em 1995, foram analisados 15 710 km e este ano, na 16ª edição da pesquisa, foram 95 707 km. De lá para cá, algumas informações vêm se repetindo: as estradas administradas pela iniciativa privada (as concedidas e mantidas com o dinheiro do usuário por meio do pagamento de pedágio) estão entre as melhores e as sob os cuidados do poder público (84%) estão entre as piores, apesar do PAC e da alta carga tributária paga pelo brasileiro através dos mais variados impostos. 

Para chegar ao resultado desta pesquisa, 17 equipes viajaram 37 dias para coletar os dados (condições do pavimento, sinalização e geometria) de todas as rodovias federais e dos principais trechos estaduais. No geral, apenas 9,9% (9 454 km) das rodovias ganhou nota ótima. Em estado regular está a maior parte: 33,4% (31 990 km). Já em estado ruim estão 19 412 km (20,3%) e em péssimo estado estão 8 651 km (9%) e, finalmente, classificados como bons, 26 200 km (27,4%). Veja na tabela nesta página as condições das estradas por tipo de administração.

Mais consumo e poluição
A CNT estima que as atuais condições das rodovias brasileiras causa um impacto no custo operacional das transportadoras de 23%, principalmente, pelo aumento dos gastos com manutenção dos veículos, o que eleva o frete e diminui a competitividade dos produtos brasileiros. Dentro dessa conta também está o aumento do consumo de combustível causado pelas constantes variações de velocidade. E, se há mais dieselsendo queimado, também há muito mais poluição.
Outra estimativa feita pela entidade, é que se o pavimento de todas as rodovias tivesse classificação boa ou ótima em 2012, seria possível uma economia de 616 milhões de litros de óleo diesel, ou seja, R$ 1,29 bilhão e uma redução de 1,6 megatoneladas de CO2, principal gás do efeito estufa.

As curvas fora de curva
O mais preocupante é a condição da geometria das rodovias, o que significa, inclusive, curvas perigosas que, , quando mal sinalizadas, conduzem o motorista ao erro e, consequentemente, ao acidente. Na pesquisa, nada menos que 29 882 km (31,2%) das vias foram classificados com geometria péssima e apenas 3 878 km (4,1%) recebeu classificação ótima. Tal resultado levou os pesquisadores a constatarem que dentro dos 95 707 km analisados, há uma curva perigosa, pelo menos, a cada unidade de pesquisa de até 10 km. Assim foi observado em 65,6% dos quilômetros pesquisados, sendo que 65% dos casos, não existem placas de sinalização, característica que aumenta o risco de acidentes.     

No final, o relatório gerado pela pesquisa rodoviária CNT lembra que os investimentos em infraestrutura no país só vem diminuindo em relação ao PIB (Produto Interno Bruto, que representa toda a riqueza gerada pelo país), enquanto a necessidade de crescimento da economia e competitividade precisam acompanhar o crescimento da população e das suas necessidades. Em 1975, o foram investidos 1,84% do PIB  em infraestrutura de transporte e, no ano passado, apenas 0,36%. 

Porém, estudos realizados pelo Banco Mundial apontam que o investimento necessário para manter a infraestrutura  existente e atender à demanda é da ordem de 1,2% do PIB. Assim, uma comparação realizada pelo Fórum Econômico Mundial entre 144 países classifica o Brasil como 123º país em infraestrutura de transporte, ou seja, estamos entre os 25 piores. (Reportagem publicada na edição 114, dezembro de 2012, da revista Transporte Mundial).
Marcos Villela
Imagens Agência CNT

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